12.12.07

Uma materia do Apagina da Uninove

Bom foi uma materia que fizemos no 3 semestre na facul de jornalismo sobre comportamento,espero que o Fábio não me peça direitos autorais! rsrsrsrsrsrs! E nem a uninove,né!!!!

Saltos pela cidade

Jovens se unem na nova tribo Le Parkour; a moda é saltar obstáculos
pelas ruas e parques de São Paulo
por Douglas Santiago e Fábio Pereira

“Chegaram os alpinistas!”. É com
esta saudação que um antigo morador
do bairro do Sumaré saúda o grupo de
jovens que passa por sua rua em uma
manhã de sábado. O grupo se dirige
ao Muro dos Manos. Poucas casas, uma
escadaria cansativa e, claro, o muro que
dá nome ao lugar compõem o cenário.
Os jovens em questão são praticantes
do Le Parkour, moda nascida na França
e que chegou ao Brasil há três anos, por
meio de filmes e internet. Atualmente,
surgem comerciais que exibem a
prática.
O Le Parkour consiste na escolha, que
um praticante faz, de um ponto de saída
e em um de chegada. Depois, ele vai
de um extremo a outro saltando os
obstáculos pelo caminho: muros,
valetas, escadas, árvores, estátuas,
declives, bancos e tudo o que tiver pela
frente. “O ideal é não parar para
pensar”, explica Bruno Nelo Carvalho,
16 anos, que há quatro meses pratica o
que ele mesmo chama de arte. O
movimento não é considerado um
esporte, mas uma arte. “É que não
existe competição”, explica Carvalho.
No sábado em que a reportagem
acompanhou o grupo de nove jovens,
o dia era de treino. Não praticaram o
circuito de um ponto “a” até um ponto
“b”, chamado de run. Por isso a ida até
o Muro dos Manos, em Sumaré, pois lá o
desafio era saltar um muro de quatro
metros. De todos, apenas dois
conseguiam vencer o obstáculo várias
vezes. Quando realizavam o feito, eram
alvos de gritos eufóricos,
acompanhados de xingamentos. O
saltador do muro era, ao mesmo tempo,
herói e vilão.
A roupa ideal é a de cor preta, pois
os esfregões nos obstáculos e os
escorregões sujam menos as cores
escuras. Grupos de Le Parkour são
geralmente muito acolhedores e seus
integrantes levam qualquer interessado
para os encontros, explicam sobre a arte
e ensinam as técnicas, que é o modo
para vencer o obstáculo, e dicas. Pode
ser um pulo certeiro em determinado
ponto, ou uma boa distância, entre
outras. Falar sobre o Le Parkour é o que
eles mais gostam e fazem. “Direto as
pessoas param a gente na rua ou nos
parques e perguntam o que a gente está
fazendo”, declara Carvalho que,
prestativo, atende a todos os curiosos.
O problema com a segurança já se
tornou comum. Guardas de parques e
metrôs são os que com maior constância
abordam o grupo. O jeito, segundo
eles, é conversar. “Dependendo do
lugar em que a gente treina, aparecem
seguranças”. No parque Villa Lobos os
praticantes já procuraram a
administração e “não há tanta restrição”,
relata Vitor Balistiero, 21 anos,
estudante de ciências da computação na
USP e praticante desde 2006. Sobre os
acidentes, nenhum dos entrevistados
sofreu lesão grave nem soube de casos
entre praticantes. Balistiero diz apenas
ter ouvido falar que no parque do
Ibirapuera, área onde se pratica muito
o Le Parkour, certa vez um iniciante foi
tentar um movimento muito ousado e
se machucou, mas ressalva: “ele está
bem”. Carvalho explica que é comum,
antes de qualquer tentativa de saltar o
obstáculo, fazer uma vistoria no local.
Por causa dessa vistoria, muitos já
passaram por situações engraçadas.
Carvalho diz já ter sido confundido
com ladrão. “Um dia, pulando o muro
de uma casa, ouvi uma mulher
gritando: ´vai trabalhar, moleque´”.
Outra semelhança entre os jovens é
que eles sempre foram, ou são,
praticantes assíduos de atividades
físicas, como capoeiristas, lutadores de
Karatê e Kung-fu, jogadores de
basquete, entre outros. Fora essa
vontade de nunca estar parado, há
também espaço para a nostalgia dos
sonhos de criança. Quem traduz bem
esse sentimento é Balistiero. “Quando
eu era criança, eu sempre gostei de
subir em todos os lugares e, de repente,
a gente descobre que aquilo tem um
nome”. “Com o Le Parkour, descobri
que posso fazer coisas que não
imaginava poder fazer”, completa ele
sorrindo e com a vista mirando bem
longe. Talvez em direção a mais algum
ponto alto para saltar.

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